Esta
história deveria ser uma ficção científica. Porém, por falta de
recursos para bancar todos os computadores com luzinhas e *bips*,
naves e robôs, tiros com armas lasers, logo foi descartada tal
possibilidade. E eu não quero fingir que o elemento humano é o mais
importante do que toda a parafernália
só porque não posso pagar por isso. Queria sim, uma ficção de
ponta!
Sem
grana, sem pirotecnia, sem história.
Daí,
eu resolvi ir para o terror. Porém,
possessão,
demônios e afins, não dá. Sou católico demais!; Usar crianças me
dá nos nervos; Zumbi, nem pensar!! Tenho um nojo danado daquele povo
caindo aos pedaços. Sem contar a parte do canibalismo [S’eles já
não são mais seres vivos, é correto ainda considerar tal ação
como canibalismo?!]; Palhaços-monstros é uma coisa que não se deve
fazer. Palhaços são felizes, gente. E nos deixam felizes também!
Histórias
em casas sempre rendem bons sustos. Só que a cada quarto ou curva do
corredor dentro da casa, ia me dar um nervoso. Sabe aquela prévia do
susto que ‘cê sabe que vai levar, se prepara pra levar e mesmo
assim, salta da cadeira de tão forte que é o susto? Pois é. Sem
chances, sou cardíaco. Eu morro de medo e sabia que não ia passar
da linha dois.
Mais
uma vez, ideia abortada.
Uma
história de amor seria legal. Mocinho popular e destemido enfrenta
tudo e todos só para ficar com mocinha indefesa.
Mas
quando você analisa bem, parece uma coisa meio obsessiva da parte do
cara. Esse lance de “destemido”, na verdade, é um eufemismo para
um sujeito bully, psycho e stalker [perdoem-me por todos os termos em
Inglês!]. Logo, não tenho certeza s’esse cara é tão “mocinho”
assim. E a mocinha, coitada, coagida por uma pessoa dessas, se
sujeita a viver uma relação abusiva, opressora e tudo o mais. Tudo
em nome de um romantismo que deveria ter ficado lá com Shakespeare.
S’ela tiver lido os livros certos, nem é indefesa, vai dar um pé
na bunda desse sujeito e correr atrás da felicidade dela como melhor
lhe convém. Sei lá, sendo uma empresária de sucesso, namorando
outras pessoas [garotos e garotas ou quem ela bem entender!], tendo
um filho sem precisar de um marido ou não tendo filho coisa
nenhuma!, ou só vivendo a vida como achar melhor. Portanto, nada de
juntar esses dois. Cara mais obsessivo, gente...
Talvez,
algo erótico. Um quarto e um casal. Uma música suave, vento
balançando as cortinas semitransparentes, o som da pele roçando nos
lençóis de seda, gemidos e toques... Tudo em busca de um gozo
transcendental. Mas eu só sei escrever pornografia. Não sei se o
público vai achar belo quando eu disser que o cara ejaculou muito no
rosto da moça e, depois, ela pegou um consolo de 30cm e enfiou todo
nele. Aí, dois rapazes fazem um 69 e o casal começa a enfiar coisas
neles [nos que estão no 69]. Um bode passa correndo com camisinhas
nos chifres e o anão montado no bode se masturba impondo um pênis
de 20cm.
Caramba!!
Que suruba nervosa!! Melhor, não!
Penso
um pouco mais um pouco e começo a ver um cara gordo, sentando de
frente para o computador. A perna tremendo. Fumando um cigarro
freneticamente. Deve ser o último cigarro da Terra. Acho que
escreverei uma história sobre um futuro pós-apocalíptico. O homem
nervoso e seu último cigarro da Terra. Será o último homem da
Terra também? O que dizimou tudo?
Olhando
com mais calma, vejo que sou eu mesmo. E o que está dizimado são
minhas ideias! Então, tenho a grande revelação!
Cheguei
aqui, na história do contador de história que não sabe qual
história contar, então, utiliza o meio mais safado que todo
contador de história – safado – utiliza quando não sabe que
história contar: contar uma história sobre a falta de ideia pra
contar uma história.
É
clichê; é fácil [pelo menos, para os contadores de histórias.
Principalmente, os safados!]; sempre segura a audiência, pois o
público quer acreditar que, desta vez, será diferente [mas não
será]; e o contador ganha tempo até a próxima história [qu’ele
jura que vai ser diferente e especial! Mas também não será!].
No
entant- -
Só
um instante. ‘Tou ouvindo um barulho vindo da outra sala. Vou lá
ver o que é. Volto já.
***
Oi!
Tem alguém aí? O quê??!! Mas o que significa isso??!! Ó meu
deus... Que são vocês?! Não! Não!! Não!!! Não!!!!
*bip-bip*
aaahhhhh *pew-pew* ai, ai, ai *roawww* aaaaiiiiiiiii...
*haHaHahahaAhAAhahahHAHaHAHa* Para!!! *miolooosss...* Sai daquiiii...
*Você disse qu’ela iria me amar pra sempre!!* Deixa disso!! *Vem
cá qu’eu vou te f#der gostoso!!* Socorroooooooooooo...