terça-feira, 5 de maio de 2020

CAPITÃO FEIO - TORMENTA



EXISTEM ALGUMAS graphic novels da Mauricio de Sousa Produções que despertam em mim o desejo que suas histórias e arte - e, consequentemente, o(s) artista(s) - não fossem do selo Graphic MSP, e sim, das revistas regulares mensais (é isso mesmo, estou falando com vocês, Astronauta e Turma da Mata).
E com Capitão Feio não está sendo diferente. Esse desejo veio principalmente após ler a maravilhosa "Tormenta". Porque, "Tormenta", não só agrada como empolga no melhor estilo hq de super-herói. Tem ação, drama, vingança, mistério... Uma baita aventura recheada com diversas (auto)referências.
E já que obviamente não será uma mensal, é forte a torcida para que ela tenha diversas continuações (cruzando os dedos para isso, ouviu, Sidney Gusman?), assim como está acontecendo com a ótima Astronauta, de Danilo Beyruth (e, infelizmente, não aconteceu com Turma da Mata, de Arturh Fujita, Davi Calil e Roger Cruz).
Essa graphic MSP, assim como diversas outras da coleção, vem desmentir o famoso clichê que a sequência de um sucesso sempre decepciona. Os irmãos Magno e Marcelo Costa conseguiram superar a sua história anterior.
Mas as duas não devem ser comparadas, pois seguem caminhos distintos no cerne de suas narrativas.

Se em "Identidade" o Capitão está tentando entender o seu lugar no mundo e qual é a sua participação nele, em "Tormenta", mesmo sem saber exatamente quem ele é, ele resolve abraçar e mergulhar fundo naquilo que pode se transformar.
Nesta nova história, Feio enfrenta um novo vilão que tem poderes suficiente para derrotá-lo. E se não bastasse isso, ele continua sendo perseguido pelo ardiloso Doutor Olimpo, ótimo vilão digno de um Lex Luthor e que deixaria este muito orgulhoso. Não só devido a aparência, mas também na engenhosidade e determinação em derrubar os seus inimigos. Meio que naquele lance de buscar bons resultados pensando em um bem maior, mas com as piores ações possíveis. Olimpo quer a todo custo destruir Feio. E fará o que for preciso para conseguir isso.
O traço e as cores da hq dão uma ótima dinâmica para a ação (inclusive, Marcelo é o responsável pelas cores da maravilhosa "Piteco - Ingá", de Eduardo Ferigato). Em alguns quadros, lembra bastante aqueles filmes que mesmo sendo ficção optam por uma fotografia mais "realista", quase documental.
É um quadrinho feito com zelo. Prova disso é que somente lendo o segundo volume descobre-se que diversas informações importantes haviam sido escondidas na edição anterior. Os irmãos não forçaram uma continuação em "Identidade", mas souberam aproveitar bem detalhes para que isso fosse utilizado em seguida. Isso faz acreditar que não é diferente em "Tormenta" e ela deve estar cheia de easter-eggs importantes para uma próxima edição. Sem contar o drama que deverá ser desenvolvido após revelações feitas neste volume.
"Tormenta" apresenta uma excelente história de (anti)herói utilizando o, provavelmente, maior vilão da Turma da Mônica.