PITECO - FOGO

QUANDO "NASCEU" no já longínquo ano de '61, Pithecanthropus Erectus da Silva - ou simplesmente Piteco - nem imaginava que, um dia, estrearia uma graphic novel pouco ligada ao humor (quem não lembra das constantes trapalhadas de Piteco fosse fugindo da querida Thuga, eterna apaixonada por ele, ou de algum dinossauro raivoso?!) e muito mais imersa numa crítica social sobre ganância e poder.
Há muito Piteco não corre mais da Thuga. E sim, corre com a Thuga. Mulher forte e essencial para a vida do herói (infelizmente, com menos espaço nesta história do que na anterior). Mas temos uma outra personagem feminina forte e necessária na narrativa.
Mais um superacerto da MSP (Sidney Gusman, Maurício de Sousa e cia.) na linha Graphic Novel, em "Piteco - Fogo" (mais ou menos uma continuação de "Piteco - Ingá" do autor Shiko), Eduardo Ferigato (roteiro e arte. As cores são de Marcelo Costa - artista de "Capitão Feio - Identidade") aborda o quão longe os homens podem ir em busca do poder. Alimentam uma ganância que nunca é saciada, assim como o fogo da história precisa do sangue negro para se manter vivo.
Homens que não se importam com os outros homens. Como uma frase da graphic proferida por um dos vilões deixa bem claro "Protejam o sangue negro! Nada mais importa!".
Homens que almejam o poder a qualquer custo.
Homens tão mortais quanto os outros homens, mas que se acham superiores a estes e, por isso, os escravizam, os humilham e os destroem.
Homens que lhe faltam humanidade. Infelizmente, algo tão cruel quanto atual.
Roteiro, arte e cores, tudo funciona harmoniosamente bem com a aventura, intrigas e até o misticismo da trama.
Fogo coloca a família como ponto central dessa história e vemos como os laços familiares podem se estreitar quando a confiança é mútua.
E que o ser humano importa mais do que o poder e que o coletivo importa mais do que o individual.

BATMAN - O PRÍNCIPE ENCANTADO DAS TREVAS, VOL 02

NESTA SEGUNDA PARTE da saga, escrita e desenhada por Enrico Marini, Batman permanece em sua busca para encontrar o Coringa.
Após sequestrar uma criança que, supostamente, possui uma ligação com o milionário Bruce Wayne, o vilão o chantageia e exige dele um preço para o resgate da garota.
Batman corre contra o tempo e se vê desesperado para salvá-la.
Aqui, Bruce e Batman se confundem. São dois personagens que se distanciam e ao mesmo tempo se misturam.
A arte continua um espetáculo. Porém, temos menos Plano Geral. Dessa vez a "câmera" se aproxima mais. A história foca nos personagens principais e pouco há espaço para a cidade ou personagens secundários (embora Archie - um ajudante-palhaço-criminoso-depressivo tenha conseguido marcar com a sua breve aparição).
A solução do conflito na HQ se dá de maneira um tanto truncada, como se houvesse pressa para concluir. Mas ainda assim é uma boa história do Morcego.

BLACK HAMMER - O EVENTO

DEPOIS DE TANTOS anos sem encontrar uma saída para fugir de um problema/situação, é normal se acomodar?
Para esse grupo de heróis que, parece, já não eram mais tão heróicos assim mesmo antes de serem exilados nessa estranha cidade, fugir dali não é mais uma opção viável, então, só lhes resta aceitar o seu destino.
No entanto, com a visita inesperada de uma pessoa, a rotina deles será balançada e um novo grande evento está prestes a acontecer.

BLACK HAMMER - O EVENTO dá continuidade a Origens Secretas e mantém o mesmo nível de qualidade.
Impossível terminar um volume e não desejar ter o seguinte em mãos para saber o que acontece.

BATMAN - O PRÍNCIPE ENCANTADO DAS TREVAS, VOL 01

HQ ESCRITA e desenhada por Enrico Marini.
Neste volume (ela é dividida em duas partes), Batman está perseguindo o seu arqui-inimigo, Coringa. Este sequestrou uma criança que, supostamente, possui uma ligação ao milionário Bruce Wayne.
Batman corre contra o tempo e está disposto a repensar os seus próprios limites se isso garantir que vai salvar a garota.
A arte é um espetáculo a parte. Sendo a revista em um formato um pouco maior do que o convencional, temos planos gerais imensos - claramente influenciado pelos filmes mais recentes do Morcego - pra deixar a gente babando.
E temos uma boa história de detetive que nos faz ansiar pelo seu desfecho.

SAPACOCO

UM AMIGO IMAGINÁRIO sem um amigo.
Esse é o mote de "Sapacoco - o (ex) amigo imaginário", o mais novo lançamento oneshot da Netuno Press, escrito por Márcio Moreira ("Chapeuzinho ou Vermelho") e desenhado por Débora Santos ("Lua Cheia" - ainda venho aqui falar dessa hq fod@!!).
Aqui, acompanhamos as desventuras e dúvidas existenciais de um amigo imaginário abandonado por seu amigo, um garoto que resolveu crescer.
Sofrendo as desilusões das relações, Sapacoco vai se perder e se encontrar nesse espiral de sensações e expectativa que é a Vida (mesmo a Vida imaginária).

BLACK HAMMER - ORIGENS SECRETAS

HERÓIS NA ERA DE OURO. Agora, eles são apenas um grupo disfuncional que tem que fingir ser uma família e tenta descobrir uma maneira de fugir da cidade para qual foram enviados - dez anos antes - após enfrentar o Antideus.
Como foram parar ali? Por que não conseguem sair daquela cidade?
Black Hammer - Origens Secretas nos apresenta seis personagens que parecem estar juntos por um mero acaso do Destino. Porém, somente juntos conseguirão atravessar todas essas adversidades.

MEU AMIGO DAHMER

MEU AMIGO DAHMER, escrita e desenhada por Derf Backderf é uma graphic novel que narra a história real do serial killer americano Jeff Dahmer.
Por ter conhecido Dahmer na adolescência, Backderf optou por falar sobre o jovem que um dia estamparia jornais e revistas da América (e do mundo) como um dos mais sádicos serial killers conhecido e não do assassino em si. Fugindo, dessa forma, do sensacionalismo dos crimes.
Através de uma pesquisa extensa nos arquivos do FBI, depoimentos de amigos, professores e de suas próprias lembranças, o autor conta a trajetória do "esquisitão" no ginásio e colegial.
Backderf nunca imaginou que o seu colega de escola chegaria a esse ponto, mesmo demonstrando ser alguém cheio de problemas - inclusive com álcool - e não nega a sua surpresa ao descobrir isso (momento contado/interpretado em uma tirinha nos extras).
O autor nos convida a conhecer, entender e até mesmo a se compadecer do jovem que se perdeu e não teve um adulto sequer por perto para ajudá-lo. Porém, não permite que o leitor sinta empatia por alguém que se tornou um assassino frio e cruel.
"Meu Amigo Dahmer" termina no momento em que o protagonista da história deixa de ser o freak da escola e se torna alguém sombrio e quebrado demais para acompanharmos.
Uma HQ bem construída, contando uma história real, mas sem apelar para dramalhões.
Vale a pena a leitura.

UM PEDAÇO DE MADEIRA E AÇO

A MESMA PRAÇA, O MESMO BANCO...
"Um Pedaço de Madeira e Aço", escrita e desenhada por Chabouté narra a história de um banco de praça.
O Banco, o protagonista dessa história, nos permite ver e vivenciar as suas experiências.
Acompanhamos as diversas pessoas e personalidades que daquele banco se utilizaram.
São mais de 300 páginas sem diálogos (falados). Tudo no traço preto e branco, limpo e preciso do artista.
Como estamos lidando com um banco de praça, ou seja, parado sempre no mesmo lugar, são as pessoas que por ali passam que dão a dinâmica dos acontecimentos. Um casal de idosos que lá sentam para compartilhar um doce, o músico que nunca consegue um trocado por sua música, um homem de negócios sempre apressado e até um cachorro que tem o pé do banco preferido para fazer o seu xixi.
O Herói dessa história nos permite ver o florescer do amor mais de uma vez, uma amizade ser forjada e a dor da solidão e da perda.
Chabouté, com a opção de pouquíssimos ângulos, os utiliza com tanta maestria que a sensação que temos que nunca estamos no mesmo lugar.
Nunca imaginei que riria e me emocionaria com a história de um banco de praça.
A edição da Editora Pipoca & Nanquim é de um primor de encher os olhos.
Leitura mais do que recomendada!

NECRONAUTA

COM A MISSÃO de levar os mortos para a Luz, mais do que um Caronte, Necronauta também tem que salvá-los de seus próprios pesadelos e "âncoras". Mortos que, por algum motivo, não conseguiram partir e ficam presos.
Ele não é um super-herói, mas age como tal ao tentar salvar essas almas.
Do mesmo autor da tetralogia "Astronauta" (graphic MSP) e "Bando de Dois" (ainda venho aqui falar dessa HQ), Danilo Beyruth tem, neste volume, seis de suas histórias outrora lançadas em formato zine e uma original reunidas e lançado pela editora Zarabatana.

PARAÍSO PERDIDO

"MELHOR REINAR NO INFERNO QUE SERVIR NO CÉU"
Pablo Auladell, ilustrador que conseguiu a façanha de transformar em imagens um poema épico, não só fez algo grandioso como criou uma obra de arte!
"Paraíso Perdido" aborda a rebelião e queda de Satanás.
A história é dividida em quatro capítulos - ou Cantos - e começa com "Satã", que se dá logo após a Queda. Lúcifer e seus seguidores encontram-se na lama das profundezas infernais. Ali, ele tem que reuni-los e guiá-los. A partir daquele momento, aquele lugar será a sua morada.
Depois, em "Um Jardim de Delícias", conhecemos a mais recente criação de Deus e temos um vislumbre da Morada Celestial e dos anjos que lá vivem.
Em "As Primeiras Lembranças do Mundo", nos é contada como se deu a rebelião, a guerra e a vitória dos celestiais.
Por fim, em "Espada Flamejante", vemos Satanás entrar no Paraíso para conhecer e corromper a criação do Senhor.
A arte de Auladell é simplesmente estupenda! Não consigo pensar em outra palavra para descrever.
São mais de 300 páginas de beleza, dor, ódio, vingança e o início de uma eterna batalha.

A Dark Side, como não é de se admirar, fez um trabalho impecável na feitura dessa graphic novel (um breve destaque para o marca-página no formato de maçã mordida!).
O acabamento e material da HQ é de deixar qualquer leitor/colecionador orgulhoso por ter essa obra em sua estante.

Adaptação de um poema que atravessou os séculos, tudo leva a crer que essa graphic novel também repetirá tal feito e será lembrada e lida daqui a gerações e gerações.

CASCÃO - O MESTRE DOS MARES

AQUAMAN TEVE o seu tridente roubado e ele vai contar com a ajuda mais improvável possível para recuperá-lo.
Cascão, um menino que tem um verdadeiro PAVOR de água não só irá ajudar o Monarca dos Sete Mares como vai enfrentar Cúmulus, o vilão homem-nuvem capaz de controlar a água, e responsável pelo roubo do tridente.

Conseguirá o garoto mais sujinho do bairro do Limoeiro enfrentar não só o vilão como o seu próprio medo de água?
Terá sido Cascão a melhor escolha do Aquaman como sidekick?
Depois dessa incrível e insólita experiência, Cascão mudará de opinião sobre água?

Nesse ótimo crossover, vemos DC e Turma da Mônica lado a lado numa divertida aventura!

GAROTA DESDOBRÁVEL

SABE ESSA "MODA" de transformar livros e HQs em filme? Pois bem, "GAROTA DESDOBRÁVEL" seguiu o caminho inverso. A Bianca Mól (nome esse que significa "garota linda e talentosíssima" em Tupi Guarani. rs) transformou em livro os seus vídeos maravilindos do seu canal no YouTube.
São historinhas curtas, doces, engraçadas, bonitas, emocionantes que Bianca fez com todo o seu talento para nos encantar.
Como sempre, beleza, delicadeza e ludicidade são palavras de lei na obra dessa mocinha com ar sonhador.

Para quem quiser adquirir Garota Desdobrável, Astro (que já foi resenhado aqui), pôsteres, prints, entre outras obras da Bianca, ela possui uma lojinha virtual.
Vale a pena conhecer e se apaixonar por essa @ talentosíssima.

FOGO & SANGUE

EU HAVIA PROMETIDO a mim mesmo que não compraria livro em série que ainda não estivesse completo.
Esperaria sem crise alguma a série completar e só então iria adquirir.
E essa indireta era bem direta para "As Crônicas de Gelo e Fogo".
Até por que a fama da falta de pressa do escritor é notoriamente conhecida.
Outro ponto se refere ao tamanho dos livros. Como atualmente eu só tenho tempo de ler no ônibus (e quando vou deitar pra dormir), aqueles tomos imensos são complicados de manipular dentro do coletivo - quase sempre - lotado. Daí, eu pretendia (ainda pretendo) comprar um e-reader e leria as Crônicas nele (mais fácil manipular).
A minha promessa seguia fiel até que ganhei de presente "Sangue e Fogo", uma espécie de prelúdio para "As Crônicas de Gelo e Fogo" - mais conhecido como "Game of Thrones".
E foi aí, amigues, que a coisa desandou!! Que narrativa bem trabalhada!! Quero lê-los e quero já!!

Contado em formato de crônica o livro narra sobre o longo reinado da Casa Targaryen. Começando com Aegon, o Conquistador passando por alguns memoráveis e outros nem tanto até chegar em Aegon III (existem outros reis depois dele, porém, o livro para na ascensão deste), revelando tramas, assassinatos, envenenamentos, batalhas, promessas de um reino melhor, a crueldade dos poderosos em sua forma mais crua e DRAGÕES!! Muitos dragões!!
No Brasil, "Sangue e Fogo" é editado pela Editora Suma.

Após acompanhar a Casa Targaryen, estou procurando até por moedas perdidas nos cantos do sofá para juntar dinheiro, pois quero me jogar no meio desse jogo dos tronos e quero pra ontem!

O SOLDADOR SUBAQUÁTICO

LANÇADA NO BRASIL pela Editora Mino, a graphic novel "O SOLDADOR SUBAQUÁTICO" é uma leitura indispensável.
Um mergulho profundo na Vida e nas relações humanas.
 
Soldador subaquático de uma plataforma petrolífera, Jack Joseph se vê deslocado diante da futura paternidade, sua mulher está prestes a dar à luz; das lembranças de um pai herói e vilão, que morreu anos atrás; da relação conturbada com a mãe, que nunca pegou leve com o seu pai; e é somente no trabalho, no fundo do mar, que encontra paz.
Jack é um ser demasiado humano. E como tal, é cheio de falhas também.
São muitas lembranças, responsabilidades, dores e expectativas que cercam o protagonista. E este, em mais um dia de trabalho, se depara com um objeto que desperta em si um espiral de confusões. Iniciando aí a busca do personagem por respostas.
Se ele as encontrará ou como as encontrará é uma jornada que devemos acompanhar com olhos e coração bem abertos.

DO INFERNO

CONSIDERADO POR MUITOS como o maior escritor de quadrinhos e autor da "bíblia" das HQs - Watchmen -, Alan Moore narra em Do Inferno (arte de Eddie Campbell) os crimes cometidos pelo famoso serial killer, Jack, o Estripador.
Porém, nesta graphic, a revelação da identidade do assassino se torna algo secundário diante da genialidade do roteiro que discute metafísica, ocultismo, a difícil vida das mulheres (diante da pobreza, se vendo obrigadas a se prostituir e os riscos que corriam), o envolvimento da família real com os crimes, e até deslocamentos temporais para tirar o expectador do torpor e jogá-lo em algo maior.
O autor nos faz passear por uma Londres vitoriana, dando especial atenção à Arquitetura da cidade e o claro abismo social que se firmava devido a sua expansão, apresentando valores e escolhas de uma sociedade que já demonstrava sinais de doença moral.
Obra fundamental de horror, cujo suspense, ironicamente, não está em descobrir o assassino ou em plot twists mirabolantes, mas sim, provavelmente, está no âmago do homem.

ANDERSON LAURO - MENINOS NÃO CHORAM, MAS... FICAM PASSADOS!

UMA CRIANÇA QUE, diante de imposições feita por terceiros, se vê ora confuso ora ciente do seu corpo, sexualidade (e gênero).
Escrita e desenhada por Denilson Albano, "Anderson Lauro - Meninos Não Choram, Mas... Ficam Passados!", uma coletânea de tirinhas publicadas em jornal, conta a história de um garotinho que sabe e sente que desvia de uma conduta heteronormativa e faz isso de diversas formas. Seja contestando, se escondendo, sofrendo, se expondo.
Anderson apanha e reconhece entre os seus agressores um garoto que já foi maquiado por ele. Anderson quer o álbum de figurinhas de futebol, mas para admirar as pernas dos jogadores. Quer aprender a fazer bolo, mas tem que ser escondido do pai. Entre tantas outras situações que expõe a vulnerabilidade e também força do protagonista.
Uma criança, que dentro da sua ingenuidade e autenticidade passa por diversas situações e nos traz a reflexão de dúvidas e confusões que perpassam a vida adulta.
Os seus opressores são corpos incompletos (adultos que só vemos a mão, fala, parte do corpo ou títulos - como "Diretor" e "Psicólogo"), e, ironicamente, o único corpo pleno é o do garotinho que não está completo ainda - na sua formação, na sua identidade.
Anderson Lauro no faz rir e refletir.

MÔNICA - TESOUROS

CONTINUAÇÃO de "Mônica - Força", escrita e desenhada por Bianca Pinheiro (autora do incrível "Bear", "Dora", entre outras hq's), vemos mais uma vez a baixinha tão conhecida por sua fúria e força ser colocada em uma situação que força física nenhuma será capaz de ajudá-la.
Apesar deste volume não apresentar uma história inovadora (algo já esperado nas graphics MSP) e até parecer uma revista mensal da Mônica, são os detalhes que nos fazem refletir. São os detalhes que nos emocionam.
Mônica viaja com os pais para um hotel fazenda e, longe da turminha, ela vai viver algumas aventuras e descobertas inesperadas ao lado do inseparável Sansão, Monicão e um novo amiguinho.
Será nessa viagem que a nossa pequena heroína compreenderá que viagem alguma é feita verdadeiramente sozinha. Sempre carregamos conosco aqueles/as que amamos e quando nos deparamos com algo que nos faz lembrar de alguém, esse alguém ali se faz presente.
A cada lembrança, vemos o quanto essas pessoas nos são preciosas.
E é aí que está o nosso principal tesouro.

ASTRONAUTA - ENTROPIA

"No quarto álbum com o herói espacial de Maurício de Sousa, Danilo Beyruth coloca Astronauta numa aventura repleta de intriga e ação. Ele está num quadrante desconhecido da galáxia, não sabe como voltar à Terra, cai no meio de um conflito entre grupos alienígenas e ainda tem uma adolescente voluntariosa a bordo de sua nave."

Aqui, a obra ganha claramente os contornos de uma saga (acredito que, brevemente, ela sairá do selo Graphic MSP e seguirá uma linha própria).
O Astronauta continua em sua eterna busca de se encontrar na vastidão do espaço. Desta vez, com uma companhia ao seu lado. Logo ele, que sempre soube ser sozinho.

Não é o melhor da tetralogia, mas, sem dúvida, continua mantendo o nível altíssimo.
Ponto mais que positivo para a introdução de uma personagem qu'eu ADORO (que surgiu na animação "Turma da Mônica - Uma Aventura no Tempo")!!

ASTRO

RUTH ROCHA, MANOEL DE BARROS, Neil Gaiman, Douglas Adams e Carl Sagan entram em um bar e--
Não, não é uma piada. Muito menos uma piada literária.
Na verdade, eu só queria colocar em imagem a sensação que eu tive ao ler "ASTRO", HQ oneshot escrita e desenhada pela talentosíssima Bianca Mól.
Essa mocinha de 20-e-alguns anos, moradora da Cidade Maravilhosa, costumeiramente já nos deixa maravilhados com os seus vídeocontos para lá de especiais no YouTube no canal Garota Desdobrável. E não foi diferente com sua HQ. Ao ler "Astro", você se maravilha, ri, torce por ele e reflete sobre a Vida (o Universo e tudo o mais). É um lindo relato sobre (se perder e) se encontrar nesse vasto Universo (literal para o jovem herói).
Voltando a falar sobre as figuras lá do começo do texto, ler essa revista me deu a sensação de que estava revisitando a obra de todos esses autores. Há um pouquinho de cada um deles lá. Porém, apesar da influência, Bianca conta uma história com a sua própria voz (e tinta) e apenas homenageia - ao seu modo - carinhosamente tais personalidades. Ela não se prende a nenhuma delas e nem as usa como muleta. É uma obra original do começo ao fim.

"Astro é um astronauta que há muitos anos se perdeu no espaço. Se perdeu por não saber onde estava e por não saber mais quem era. Depois, de um inusitado acontecimento, volta para a Terra, onde cai desastradamente no quintal de Nina, um garota pra lá de curiosa com cabelos encaracolados.
Juntos, eles (re)descobrem o mundo e (re)lembram, enfim, o que torna humanos... Humanos."

O nosso protagonista - que dá nome à obra - desde sempre se reconhece como um estranho, e quando finalmente entende o porquê da sua sensação de não-pertença do local onde mora, toma uma decisão: sair dali. Independente da má fama do seu local de destino.
Como o personagem kafkiano do mini-conto "A Partida", sair dali onde estava era o seu objetivo.
Por fim, também como o personagem kafkiano, ele entendeu que não iria parar nunca.

"Astro" é uma obra doce, agradável, sensível (como tudo que Bianca produz) e acessível para todas as idades.