quarta-feira, 7 de agosto de 2019

PITECO - FOGO

QUANDO "NASCEU" no já longínquo ano de '61, Pithecanthropus Erectus da Silva - ou simplesmente Piteco - nem imaginava que, um dia, estrearia uma graphic novel pouco ligada ao humor (quem não lembra das constantes trapalhadas de Piteco fosse fugindo da querida Thuga, eterna apaixonada por ele, ou de algum dinossauro raivoso?!) e muito mais imersa numa crítica social sobre ganância e poder.
Há muito Piteco não corre mais da Thuga. E sim, corre com a Thuga. Mulher forte e essencial para a vida do herói (infelizmente, com menos espaço nesta história do que na anterior). Mas temos uma outra personagem feminina forte e necessária na narrativa.
Mais um superacerto da MSP (Sidney Gusman, Maurício de Sousa e cia.) na linha Graphic Novel, em "Piteco - Fogo" (mais ou menos uma continuação de "Piteco - Ingá" do autor Shiko), Eduardo Ferigato (roteiro e arte. As cores são de Marcelo Costa - artista de "Capitão Feio - Identidade") aborda o quão longe os homens podem ir em busca do poder. Alimentam uma ganância que nunca é saciada, assim como o fogo da história precisa do sangue negro para se manter vivo.
Homens que não se importam com os outros homens. Como uma frase da graphic proferida por um dos vilões deixa bem claro "Protejam o sangue negro! Nada mais importa!".
Homens que almejam o poder a qualquer custo.
Homens tão mortais quanto os outros homens, mas que se acham superiores a estes e, por isso, os escravizam, os humilham e os destroem.
Homens que lhe faltam humanidade. Infelizmente, algo tão cruel quanto atual.
Roteiro, arte e cores, tudo funciona harmoniosamente bem com a aventura, intrigas e até o misticismo da trama.
Fogo coloca a família como ponto central dessa história e vemos como os laços familiares podem se estreitar quando a confiança é mútua.
E que o ser humano importa mais do que o poder e que o coletivo importa mais do que o individual.

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