segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

ASTRO


RUTH ROCHA, MANOEL DE BARROS, Neil Gaiman, Douglas Adams e Carl Sagan entram em um bar e--
Não, não é uma piada. Muito menos uma piada literária.
Na verdade, eu só queria colocar em imagem a sensação que eu tive ao ler "ASTRO", HQ oneshot escrita e desenhada pela talentosíssima Bianca Mól.
Essa mocinha de 20-e-alguns anos, moradora da Cidade Maravilhosa, costumeiramente já nos deixa maravilhados com os seus vídeocontos para lá de especiais no YouTube no canal Garota Desdobrável. E não foi diferente com sua HQ. Ao ler "Astro", você se maravilha, ri, torce por ele e reflete sobre a Vida (o Universo e tudo o mais). É um lindo relato sobre (se perder e) se encontrar nesse vasto Universo (literal para o jovem herói).
Voltando a falar sobre as figuras lá do começo do texto, ler essa revista me deu a sensação de que estava revisitando a obra de todos esses autores. Há um pouquinho de cada um deles lá. Porém, apesar da influência, Bianca conta uma história com a sua própria voz (e tinta) e apenas homenageia - ao seu modo - carinhosamente tais personalidades. Ela não se prende a nenhuma delas e nem as usa como muleta. É uma obra original do começo ao fim.

"Astro é um astronauta que há muitos anos se perdeu no espaço. Se perdeu por não saber onde estava e por não saber mais quem era. Depois, de um inusitado acontecimento, volta para a Terra, onde cai desastradamente no quintal de Nina, um garota pra lá de curiosa com cabelos encaracolados.
Juntos, eles (re)descobrem o mundo e (re)lembram, enfim, o que torna humanos... Humanos."

O nosso protagonista - que dá nome à obra - desde sempre se reconhece como um estranho, e quando finalmente entende o porquê da sua sensação de não-pertença do local onde mora, toma uma decisão: sair dali. Independente da má fama do seu local de destino.
Como o personagem kafkiano do mini-conto "A Partida", sair dali onde estava era o seu objetivo.
Por fim, também como o personagem kafkiano, ele entendeu que não iria parar nunca.

"Astro" é uma obra doce, agradável, sensível (como tudo que Bianca produz) e acessível para todas as idades.

Um comentário:

  1. De verdade, não sei nem como te escrever. É um trabalho dificílimo este de deixar uma escritora sem palavras, menino!

    Dan, te agradeço do fundo do coração por cada uma das suas palavras. De verdade, guardarei todas num cantinho bonito aqui dentro de mim. Fico lisonjeada que uma pessoa tão querida para mim tenha gostado de algo que escrevi e ilustrei com uma dedicação gigantona. Obrigada, obrigada e obrigada. Sempre! Você é demais. Beijo e abraço (espero poder dar um super abracinho pessoalmente um dia!!!) :)

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