terça-feira, 13 de agosto de 2013

A LATA

Dois amigos – críticos de arte – caminham pelo Museu de Arte. Quando estão passando pelo corredor a caminho do próximo saguão se deparam com uma peça que os surpreende.

- Marcos, veja que peça fantástica!!
- Nossa, é realmente fantástica, Albert!
- Claro que não é de vanguarda, mas ela exala revolução! Pode não ser inovadora, mas arrisco dizer que é transformadora.
- Estou fascinado! O artista expressa-se claramente através da contracultura.
- Com certeza é prole do Dadaísmo. Há uma forte influência de Marcel Duchamp. Até podemos dizer que esta peça é uma parente distante da “Fonte”.
- Claro, claro! Mas, além de Marcel, me lembra também “Luxo” de Augusto de Campos. Você recorda?
- Sim, sim! É provável que “Luxo” tenha influenciado esta obra. Mas não podemos negar que está “impregnada” de Duchamp.
- Está impregnada de sujeira e mau cheiro. – diz um senhor que observava a conversa dos dois.
- O que você quer dizer com isso?! – pergunta Albert, surpreso.
- É! O que você quer dizer com isso?! – repete a pergunta, Marcos.
- Que isso está sujo e fede, ora!
- Você é crítico de qual revista??
- Eu? De nenhuma, senhor.
- E quem você pensa que é para criticar essa obra de arte? – pergunta Albert de forma teatral.
- Eu sou o zelador do museu, e tenho que recolher o lixo dessa lata aí que os senhores estão admirando, e depois, colocar a lata de volta no banheiro masculino. Se os senhores me derem licença... Isso. Obrigado!

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