"FAKE", primeiro romance de FELIPE BARENCO, conta a história de
Téo, um jovem que acaba de entrar na universidade – para o curso de Direito –,
é virgem, gay [não assumido para a família] e um romântico incorrigível que
vive em um Rio de Janeiro não estereotipado.
Narrada pelo próprio Téo, nós acompanharemos suas relações, seja
familiar, amorosa e de amizade. Com seus momentos conturbados – namorar alguém
problemático, assumir para família sua sexualidade, manter uma amizade quando
sente algo diferente pela pessoa – e/ou felizes – namorar alguém que te faz
sentir especial, compartilhar alegrias com os amigos verdadeiros e trabalhar
com aquilo que ama.
Felipe Barenco possui um bom domínio da narrativa, com uma escrita
irreverente, personagens bem construídos e uma estrutura de escrita diferente da
que estamos habituados na Literatura, mas não na vida cotidiana –
principalmente àqueles acostumados com redes sociais [Oi? Todo mundo hoje em
dia!]. Como o uso de emojis para representar não só as conversas entre
personagens, mas também o sentimento deles no momento [eu, por exemplo, fiquei assim ao terminar o livro =) ]. Palavras e frases
tachadas [aquele risquinho no meio para fingir uma rasura e ser cool porque
escreveu algo engraçaducho, mas mesmo assim quer fazer parecer que desistiu]. E
estrutura visual de mensagens [torpedo ou inbox].
Sem contar que acompanhamos a evolução na comunicação à
distância, quando cita “telefonemas”, “e-mails”, “torpedos”, “Orkut” [sdds], “MSN”
[ <3 ], “Skype” e “Facebook” [não chegou ao “Whatsapp”].
A cada nova página, Téo nos surpreende e/ou emociona com
momentos de tensão, dúvida, dor, arrependimento, desejo, perda e perseverança.
E mesmo sendo ele o narrador, de alguma forma, compreendemos que ele é justo
com todos os personagens que orbitam sua história/Vida sem parecer que está nos
manipulando através da sua verdade [Bentinho ficaria orgulhoso, ou com inveja]. O que nos leva a amar alguns [Tiago, Tia
Eleonora, Vó Maria Helena, Fernanda, Guilherme e Lulu!] e odiar outros [todos
na sala olham para Davi neste momento].
Sem dúvida, o livro desperta em nós um desejo de que ele poderia
– e DEVERIA – ser “maior”, ter muito mais páginas, só para que pudéssemos ter
capítulos exclusivos para cada um desses personagens tão cheios de vida! Sério,
quem não iria querer saber um pouco mais sobre o Guilherme, Fernanda ou Lulu?! rs
O livro possui uma diagramação bonita e uma capa simples e
belíssima.
É inevitável a identificação não só com a história ou o
personagem principal, mas com todo o universo construído, pois ele, o livro,
aborda de forma muito natural as consequências das decisões que fazemos nesse meio tempo entre
nascer e morrer que chamamos de “Viver”.
Apesar de ser um romance e o personagem ser um romântico incorrigível,
“Fake” não se propõe ser uma historinha de amor melosa e feliz. O livro trata
de relacionamentos em todas as suas esferas; escolhas – as certas, as erradas e
as duvidosas –; e, talvez, principalmente, fala sobre o amor próprio.
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